Quem você quer ser: vítima ou herói?

Tratar um mal físico é, na maioria das vezes, fácil. Vai-se ao médico, obtém-se o diagnóstico, faz o tratamento e pronto. Outros problemas são mais profundos e atingem a alma, o espírito, a nossa energia motora. Um destes males é a mágoa. Ela é como aquela telinha azul de erro do Windows que nós detestamos, mas que serve de alerta. Você pode simplesmente dar o reboot, mas é aconselhável entender o motivo.

Enquanto a raiva é intensa e explosiva, a mágoa é silenciosa e por isso causa um dano muito maior. Ela é traiçoeira porque age quieta, cresce no inconsciente por muito tempo (se não para sempre), manifestando-se ocasionalmente e despertando novamente uma tristeza que pensávamos termos superado. Às vezes, basta apenas a lembrança do fato ocorrido no passado para sentirmos aquele aperto no coração e, para proteger-nos da dor, afastamos os pensamentos, distraímo-nos com outras coisas e ela logo passa. Mas não se engane. Enquanto a lembrança lhe causar dor, é sinal de que a mágoa ainda vive dentro de você.

A mágoa é um veneno que corrói o nosso interior e que pode causar doenças como depressão, estresse, ansiedade e até tumores. Você pode até culpar o outro pela dor causada, mas é você quem decide o quanto vai querer guardar este sentimento e, o mais importante, se quer mesmo guardar este rancor. A mágoa é como aquela vela de aniversário que mesmo apagada, reascende, de novo e de novo. Ela é a base da vitimização, da baixa autoestima e da sensação de impotência diante dos próprios sentimentos. A mágoa é a dolorosa lembrança do próprio fracasso na superação das adversidades. Ela é a telinha azul que fazemos de tudo para driblar e, como tal, tem solução.

Seja o que for que cause mágoa, pode e deve ser superado se quisermos retomar o controle das nossas vidas e sentimentos. Enquanto há mágoa, é sinal de que seja lá o que tenha ocorrido no passado, ainda está no controle. É preciso voltar naquele capítulo da sua história, relê-lo com outros olhos, colocando o causador da sua dor como coadjuvante na sua obra onde o herói é você e só o será se conseguir reescrever linha por linha dos seus sentimentos.

Uma pessoa pode ferir você, mas deixar que a ferida continue doendo está em suas mãos. Enquanto as atitudes de outra pessoa influenciar nos seus sentimentos é como narrar a sua vida dizendo ele fez isso, ela fez aquilo, não é a sua história, mas a do outro. Qual é a SUA história? O que VOCÊ fez para se libertar? Quem você se tornou?

Sempre que olhar para trás, não pense mais naquele que lhe feriu, mas em como você está hoje, o que VOCÊ tem feito para se tornar uma pessoa melhor. E orgulhe-se da SUA história, das SUAS atitudes ao invés de sentir tristeza pelo que fizeram com você. Enquanto você for a vítima, o protagonista será sempre o agressor. Você não é a vítima, mas o autor da sua própria história.

Adversidades e injustiças acontecem causando uma dor profunda, mudando você para sempre, mas a pessoa que você vai se tornar só depende de você.

Para refletir, assista ao vídeo de Elizabeth Smart (abaixo), sequestrada aos 14 anos e abusada sexualmente por nove meses. Ouça o que ela fala sobre o que ela sente pelo agressor.



https://www.youtube.com/watch?v=h0C2LPXaEW4 


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