Embarque na sua viagem

Então é isso. A vida passa em um instante. Nada é eterno e quando aquele momento especial termina, o que fica são fragmentos ligados por sentimentos, elos frágeis que devem ser cultivados. Quando não são, se rompem e os tais momentos se perdem em um emaranhado de lembranças que não se conectam mais, não fazem sentido como antes.

Alguns elos foram rompidos à força em minha vida. Chorei de desilusão e decepção, mas o choro também passa, assim como a dor e a solidão. Com o coração puro e a cabeça no lugar, pego a minha estrada novamente, mas, antes, olho para trás e não sinto nada além da certeza de que tudo acontece (e sempre acontecerá) por um motivo. 

Alguns chamam isso de fé, eu não discordo. Não sou religiosa, mas acredito na vida e nos caminhos de cada um. Às vezes existe uma curva fechada e assustadora, mas com calma se passa por ela, mesmo sob tempestade, raios e trovões.

A minha última curva terminou. Derrapei algumas vezes, mas mantive o volante firme e, agora, vejo diante de mim uma estrada limpa e suave para o futuro onde outras curvas me esperam, mas eu não tenho medo. 

Um carro passa por mim várias vezes esbravejando coragem, roncando os motores, querendo me tirar da estrada. Os passageiros gritam e me ofendem, me chamam para o racha, mas eu nem ligo mais. Foi-se o tempo em que eu caía em provocações. São apenas covardes e moleques, deixo que passem e que cheguem ao destino deles. Só me importa a minha estrada, agora. 

Você pode viajar pela estrada do outro, pode dirigir o carro alheio, não tem mal algum nisso, mas lembre-se de quem você é, das músicas que você gosta e para onde você quer ir.  Se for o mesmo que o do outro, ótimo, mas se não for, uma curva fechada vai jogar você para fora do caminho e o jeito vai ser se levantar, construir um carro novo e seguir a sua viagem. 

Se for muito trabalhoso para você viajar sozinho (e é mesmo!) ou se você é do tipo que não gosta da própria companhia, peça carona na estrada e continue a sua viagem até a próxima curva fechada, até a próxima derrapada, até a próxima queda, o que pode acontecer logo... ou não.  Se for isto o que você escolher, então, viva a aventura do passeio a dois, a três, a quatro, com quantas pessoas quiser.

Cada um sabe como quer seguir a própria viagem. Eu segui a minha até aqui revesando no volante, cuidando e vigiando, alimentando e abrigando. Achei que fosse ser assim sempre, mas fiquei em uma curva e, agora, vejo que a minha estrada é outra. Não ficou lá atrás, mas está lá na frente. No desconhecido, no novo e é para lá que eu vou. 

Uso o espelho retrovisor somente para me proteger dos tais moleques. Meus olhos estão grudadinhos no futuro, ao som da minha música favorita, em alto e bom som!

Boa viagem!

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