Irmãos

Um dia, quando ainda somos pequenos, nos damos conta de que aquela pessoa que aprendemos a chamar de irmão ou irmã significa algo mais para nós. É diferente do amigo da escola, dos pais, dos avós ou dos tios. É pequeno como nós, mas é mais esperto, se for mais velho. Ou mais inocente, se for mais novo. Velho o bastante para nos espelharmos nele. Novo o bastante para entrarmos numa briga por causa dele! Ou, ao contrário, usá-lo como cobaia nos experimentos infantis; ele não vai contar nada aos nossos pais, afinal, somos o irmão mais velho!

Irmãos dividem as mesmas dores do ambiente familiar, criam linguagens próprias para despistar os pais, confiam seus segredos uns aos outros e também traem uns aos outros. Não há relação perfeita, nem entre irmãos. Talvez, principalmente, entre irmãos! São seres diferentes compartilhando defeitos e qualidades, confrontando o crescimento um do outro, gerando conflitos, disputas, afinidades e diferenças.

Não existe uma lei que diga que irmãos devem ser amigos. Existe apenas uma ligação sanguínea e a convivência que, na maioria das vezes, gera amor, ou não. Não existe, também, uma lei que obrigue irmãos a serem iguais. E na maioria das vezes não o são! Nascidos dos mesmos pais, criados no mesmo ambiente e, mesmo assim, tornam-se seres completamente diferentes. Aceitar e respeitar os caminhos escolhidos não é obrigação, é opção.

Um dia, quando já somos crescidos, nos damos conta que irmão pode não ser amigo, confidente e nem mesmo companheiro; que podemos viver a milhares de quilômetros de distância, termos opções religiosas, políticas e sexuais diferentes e... nada disso importa!

Neste dia, quando os cabelos brancos e as rugas deixam de ser uma mutação do seu corpo e você simplesmente passa a aceitá-las e quando as lembranças da infância te fazem sentir saudade com mais frequência, você vai desejar sentar-se ao lado dos seus irmãos para voltar a ser criança; poder dizer o quanto sente muito pelos momentos ruins que viveram; o quanto sente falta dos tempos bons que viveram e o quanto você os respeita pelo que eles são, não por serem seu irmão ou sua irmã, mas por serem pessoas admiráveis. E somente por isso, você simplesmente... os ama!

E, quando este dia chegar, se não puder sentar-se mais ao lado deles, telefone, escreva-lhes um email ou publique no seu blog! Faça uma homenagem, registre o que você sente porque nunca se sabe quando você, realmente, poderá fazê-lo novamente.

Aos meus irmãos, Danuza, Gisela e Orival (estes últimos, que fazem aniversário esta semana), desejo toda a felicidade do mundo!

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