Será que sou preconceituosa?

Nunca me considerei uma pessoa preconceituosa. Ao contrário. Sempre achei que respeitasse todas as pessoas, classes sociais, gêneros e cor de pele igualmente. Mas, esta semana comecei a colocar esta imparcialidade em xeque. Ver esta foto de dois garotinhos que inocentemente se beijam sendo usada para uma campanha contra a homofobia eu acho um pouco demais. Se fossem duas meninas, seria menos chocante? Se fosse usada para outro tema como a paz, por exemplo, me chatearia menos?

Comecemos pela foto. Não gostei. Primeiro, porque com sentimento infantil não se brinca. Criança é criança. Dois meninos que se beijam não têm, absolutamente, nada a ver com ser contra a homofobia. Tem a ver com a simplicidade, inocência e curiosidade com que vivem a vida. Nada mais do que isso. Tornamo-nos contra ou a favor de alguma coisa muito depois disso exatamente por termos a faculdade de escolher entre o que aceitamos ou não.

Segundo e, principalmente, porque se trata de uma pequena parte de um “kit” a ser distribuído pelo MEC. Um kit contra a homofobia que será usado em seis mil escolas públicas para crianças entre 7 e 10 anos. Mas, espera. Se criança não é homofóbica, por que mostrar justamente a elas vídeos e cartilhas sobre homossexuais para conscientizá-los contra a homofobia? Uma das histórias é “Encontrando Bianca” que fala sobre um menino de 9 anos que se sente atraído pelo coleguinha quando o vê fazendo xixi no banheiro da escola e, quando volta para a sala de aula e o professor o chama pelo nome (Ricardo), ele diz “meu nome é Bianca”.

Tem algo muito errado. Ou comigo, ou com estes gênios do MEC. Não seria o caso de exibir estas histórias e cartilhas pelo menos aos adolescentes, então? Os que estão entrando na fase da “opção sexual”? Será que o “dano” causado em poupar as crianças de assuntos mais delicados é tão grande assim, caso este kit seja apresentado a jovens de 14 ou 15 anos? Acho que existem momentos em que a prevenção invade o limite da proteção infantil. E, para mim, este é um dos casos.

Bom, para um Ministério que aprova um livro que diz que falar errado o português é certo e ainda o intitula “Por uma vida melhor”, o que poderíamos esperar? Uma campanha contra a homofobia para aqueles que ainda nem sabem o que é ser gay! Claro, muito inteligente.

Mas, voltando aos meus questionamentos pessoais. Seria eu uma falsa liberal? Será que tenho, lá no fundo, algo contra os gays? Pensando... pensando... pensando.

Não. Não sou. Não tenho absolutamente nada contra. Agora, me mandem a pergunta clichê: “E se você tivesse um filho ou uma filha homossexual?”. Digo que amo meus filhos incondicionalmente. A sexualidade deles não tem peso algum para mim. Ficaria talvez temerosa pelas dificuldades que poderiam encontrar na vida como ter filhos, por exemplo. Mas para todos os problemas estarei ao lado deles!

Não. Não sou preconceituosa. Só acho que criança tem que ser criança, inclusive aquelas até os 10 anos de idade. Conscientizar os pais sobre como reagir a uma tendência homossexual dos filhos seria mais proveitoso do que expôr às crianças situações que talvez elas ainda não estejam preparadas para entender e só poderia confundi-las ainda mais. Isso não é ser preconceituosa.

Ou é?

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