Uma luz na escuridão

Ufa! Finalmente tem algo de bom acontecendo por aqui. Neste país, onde a justiça se vende tão facilmente, uma sentença deixou-me feliz. Deixaram a Míriam divulgar o nome da escola e da editora responsáveis por colocar em sala de aula apostilas "pornomarxistas". Para quem pegou o bonde andando, seguem os capítulos anteriores:

O fato foi citado no texto "Eles querem nossos filhos", publicado em abril, aqui no site. Míriam Macedo (jornalista, mãe e corajosa) encontrou vários textos com claras tendências esquerdistas nas apostilas usadas na escola de sua filha. Tirou a filha de 15 anos da escola e denunciou o fato na internet. A justiça a obrigou a omitir os nomes dos responsáveis pelo material "didático" e da escola. A revista Veja desta semana disse que a justiça, agora, recuou e decidiu que ela pode sim divulgar os mesmos. Se ela pode, todos nós podemos!

A decisão da justiça é uma migalha perto do prejuízo intelectual que este material poderia ter causado no solo fértil destes mentes ainda jovens. Mas, por uma migalha, solto rojões. Que triste comemorar uma simples autorização. Quisera eu estar comemorando o impeachment do presidente Lula, a condenação de todos os políticos envolvidos no mensalão, nas propinas de empreiteiras, ou simplesmente o cumprimento das leis. Porém, mais tristes ainda devem estar os diretores do COC (dono das apostilas) e do Colégio Pentágono de São Paulo, onde a filha de Míriam estudava. E certamente o estão, como relata um aluno do Ensino Médio da escola em questão.

Pedro de Castro Magalhães Gomes comentou o artigo deste site defendendo a reputação dos professores da escola neste episódio. O texto, muito bem escrito por sinal (digno de um professor ou até mesmo do dono da escola) me pareceu um formato padrão em resposta à Veja e à Míriam muito mais do que a mim, já que a maioria das citações que ele faz eu não havia sequer mencionado em meu artigo. Para quem o leu, verá que o caso "pornomarxista" é apenas um dos exemplos citados por mim do uso da sala de aula como palanque comunista.

Ao Pedro, meus respeitos aos seus sentimentos, embora a escola (mesmo que não faça uso total do material - como garante o aluno - e também possua professores capazes de orientar o jovem a pensar livremente ao invés de submeter-se a uma doutrina) continua sendo responsável pelo material que disponibiliza aos alunos. Ou uma escola não tem obrigação de verificar o conteúdo dos livros que impõe? Tanto se sente responsável que a escola não renovou o contrato com o COC!

O diretor do grupo COC também reconhece a imprudência. A menos que a revista Veja tenha inventado tal fala, Chaim Zaher, diretor do grupo, afirmou: "Erramos mesmo". Ele avisou ainda que fará uma revisão de suas apostilas usadas por 220.000 estudantes.

Como um náufrago que se apega a qualquer sinal de salvamento, a simples vitória de Míriam na justiça me faz dormir um pouco mais aliviada. Há uma luz no fim do túnel. Um brinde à Míriam Macedo e à justiça.

Mas, só por hoje!

Comentários

Anônimo disse…
Érika,

Obrigado pelo apoio no seu blog e na mensagem deixada no EscolasemPartido.org. Também recebi esse e-mail enviado pelo Pedro Gomes e, assim como você, achei muito bem escrito... Fiquei impressionado com a precocidade do garoto.

abraço

Miguel Nagib
Anônimo disse…
Sra. Érika Bento Gonçalves.

Li seu "post" acerca do texto de meu filho, Pedro de Castro Magalhães Gomes.

Indago se a Sra. o acusa de ter aceito assinar texto redigido por outrem, diante da asseriva que qulifica referido texto como"(digno de um professor ou até mesmo do dono da escola)".

Miguel Nagib faz menção à "precocidade" de meu filho, que o "espanta".

Estarão a Sra. e Miguel acusando ou insinuando que meu filho teria aceito redigir texto não escrito por ele?

Lógico que a Sra. não pode responder por Miguel, mas pode e deve responder pela Sra..

Na condição de responsável por Pedro, que é menor (tem hoje 17 anos incompletos) solicito resposta expressa à indagação supra.

Se a Sra. preferir, pode enviar a resposta a meu e-mail que é paulotarsoadv@terra.com.br

Ateciosamente.

Paulo de Tarso Moura Magalhães Gomes.
Sr, Paulo de Tarso Moura Magalhães Gomes.

Com relação ao comentário sobre o texto encaminhado por Pedro de Castro Magalhães Gomes, não o acusei de ter assinado um texto que não fosse de sua autoria. Minha afirmação de que o artigo era "digno de um professor ou até mesmo do dono da escola" apenas o qualificou como de excelente qualidade para um aluno (ainda mais agora, sabendo ter ele 17 anos incompletos). Além do que, a construção do texto, assim como o vocabulário e os sentimentos ali depositados não deixam dúvidas quanto à intenção de defender a reputação dos professores (o que não vejo mal nenhum nisso, sendo ele aluno da instituição).

O senhor há de convir (e entendê-lo até como um elogio) que a qualidade do texto está acima da média estudantil. Aconselho-o a acompanhar (e incentivar) o desenvolvimento de seu filho que poderá ser, no futuro, um advogado, jornalista ou escritor.

Embora ele tenha cometido alguns deslizes. Não deixou claro, por exemplo, em vários trechos, quando menciona "Sra. jornalista" se está se referindo a mim ou à Míriam Macedo. Entendo que tenha sido a ela, já que o autor relaciona comentários e expressões que eu jamais fiz.

Agradeço pela visita ao meu site. Volte sempre!

Abraços
Érika Bento Gonçalves
Paulo Pavesi disse…
Érika,

Neste país de intelectuais miseráveis, infelizmente não podemos elogiar um texto bem escrito. A liberdade de expressão é quase nula neste país de bestialidades e corrupção.

A intimidação deste cidadão, pai do suposto autor do texto, confirma duas coisas:

1) Ele - o suposto autor - pode escrever o que quiser, pois com 17 anos é livre de qualquer pena. Estamos no país onde menores podem até matar, imagine escrever.

2) Ele entrou em seu texto para comentar e você respondeu. Você nunca o procurou e nunca o atacou. Apenas respondeu um texto de iniciativa dele. Portanto, não há qualquer problema em você duvidar que ele tenha escrito - se é que duvida, pois na internet não há nenhuma forma de nos certificarmos disso.

Neste caso cidadão advogado pai do suposto autor. Me intimide também, pois sou marido da Érika e assino em baixo o que ela escrever!!!

Você deve ser bastante autoritário, pelo tom das palavras. Me intimide também e vamos levar o caso ao tribunal.

Ou será que não temos o direito de expressão?

Direito de duvidar de um texto cuja fonte não possui assinatura?

Que tal?

Paulo Pavesi
Sras. e Srs,

Estou assustado. Estou impressionado com todas as informacoes que obtive hoje. Alias, nao obtive informacoes, obtive uma enxurrada de demeritos sem fundamento.
Estou escrevendo hoje, primeiro de novembro de dois mil e sete, de Los Angeles, nos EUA. E por isso peco a "licenca" pelo portugues sem pontuacao, ja que os teclados daqui nao os disponibilizam.
Bom, so para situa-los de quem sou, de qual a minha formacao e, portanto, evitar insinuacoes sobre minhas pretencoes ideologicas, farei uma breve explanacao. Morava em Brasilia e cursava, em 2003, o terceiro ano colegial no colegio Sigma, o mesmo em que estudavam as filhas do senhor Nagib, coordenador do site escolasempartido.org.br. Alias, eu fui da sala de uma de suas filhas. Apos minha passagem pelo Sigma, cursei direito e hoje me especializo em Direito Corporativo em Los Angeles.
Bom, voltando ao assunto do inicio, nao consigo acreditar na situacao em que chegou tudo isso. Estou assustado com a proporcao que essa discussao alcancou.
A filha do Sr. Nagib sempre foi muito educada, sempre foi muito timida e muito inteligente. Se destacava pela sua capacidade intelectual frente aos outros alunos. Cursei historia com os professores Iomar e Mariah, alvos da carta do Sr. Nagib e com outros mais professores que ajudaram na minha formacao intelectual.
Dos textos que li hoje baseados em situacoes ocorridas como no colegio Sigma de Brasilia, todos, sem excecao, mostram que o problema nao esta no fato de injetarem ideias politico-partidarias nos alunos, mas sim em que ideias politicos-partidarias deveriam ser injetadas na cabeca dos alunos.
Isso nao se trata de uma discussao seria sobre o futuro dos nossos filhos, do nosso sistema educacional e do nosso pais. Isso parece mais uma briga de criancas para dizer quem tem o brinquedo mais poderoso.
Minha formacao foi no Sigma e fui muito bem formado academicamente. Ideologicamente, contribuiram o Sigma, minha familia, meus amigos e todas as pessoas com quem cruzei no decorrer da vida ate o presente momento. Inclusive os senhores estao contribuindo muito para o meu engrandecer. Vos agradeco, portanto. Mas ja que o bonito aqui eh dar a opiniao, darei a minha. Sou fruto da democracia. Sou filho da liberdade. Quero falar e posso; quero me expressar e posso; quero opinar e posso; quero pesquisar e posso; quero ser dono da minha intelectualidade e posso.
Senhores, nossos filhos nao devem ser nossa imagem e semelhanca. Afinal, quem arrogantemente pensamos ser para impor isso? Se os senhores fossem tao bons, seriam deuses ou icones da modernidade, mas infelizmente nao sao.
Varios dos senhores tiveram a oportunidade de viver em periodos nebulosos da modernidade brasileira. Alguns eram filhos de comunistas e perderam os pais. Outros eram os proprios comunistas e passaram pelas dificuldades de ser um na epoca. Alguns outros harmonizavam com o periodo que se conhece como Ditadura Militar. Outros viveram a vida como se a ditadura nao existisse.
Hoje os senhores, ca estao, com opinioes formadas e muitas mudadas. Posso eu dizer que os senhores sao fruto somente do que seus professores lhes falaram em sala nos tempos da ditadura militar? Sao entao imagem e semelhanca de uma pessoa qualquer e nao possuem seus prorpios conceitos ideologicos e opinioes? Posso garantir que se assim sao, nao sabem. Mas se acham donos de uma opiniao impar e de uma ideologia certa uma vez que nao concordam com o fato de verem seus filhos frente a ideologia contraria.
Eu, por ser filho desta democracia permissiva e libertaria, imagino que a beleza da vida eh esta: construir suas proprias ideias. O tempo de fazer suas ideias prevalecerem acabou nos tempos das Grandes Guerras, das ditaduras e do Muro de Berlim.
Confiem na educacao que deram/dao aos seus filhos. Nao eh por seu filho ser uma catolico fervoroso, um evangelico extravagante, um esquerdista romantico ou um capitalista exacerbado que sua vida estara em risco. Estes tempos ja passaram. Os tempos em que a opiniao deveria ser escondida e nao repassada. A humanidade cresce assim. Com a troca de informacoes e de opinioes. De opinioes sim.
Nao cobrem dos professores o que os senhores tambem nao conseguem fazer. Nao cobrem deles uma educacao imparcial quando os senhores nao conseguem ser imparciais. E mesmo que conseguissem ser, deixem que as opinioes cheguem a seus ouvidos. Seus filhos tem o direito de ouvir o que o mundo tem para dizer e dai tirarem suas proprias conclusoes. Deem asa aos passaros que eles voam conforme tem que se voar. Se os senhores não foram criados assim, ou seja, sem tanto acesso a opiniao alheia, nao cerceiem esse direito dos seus filhos.
Ouvir o que o mundo tem para falar pode ser muito bom. Seguir a opiniao dos outros a risca eh que pode ser prejudicial. Por que, entao, nao damos credito aos que nasceram de nos para criarem asas e mudarem o que acham de errado no mundo com suas ideologias formadas dessa grande globalizacao de ideias?

obrigado,

Luiz Dutra