Quando o feminismo atrapalha

Sou mulher e com muito orgulho. Mas, admito: às vezes somos insuportáveis! Nessa/ hora, dou ainda mais graças a deus por ter um homem como companheiro. Se eu fosse gay, não aguentaria outra mulher do meu lado por muito tempo. “Você não acha que estou gorda com essa roupa?” “Quem você acha mais bonita, ela ou eu?” “O que tem ali de tão interessante que você não tira o olho?” “Gostou do meu cabelo novo?” (1 cm a menos na franja!) “Você não me ama mais?” .... e isso é só o começo, porque ainda nem cheguei na fase de TPM!!!!

Claro que nem todas as mulheres são assim. Eu tento ao máximo não ser, embora cometa muitos deslizes (afinal nasci com dois cromossomos iguais!) e conheço muitas que também não são. Mas ainda pior do que as carências femininas, são as feministas! Mulheres, apedrejem-me mas o feminismo em 2011 tem que ser diferente do movimento do século XVII! Se é o mesmo, é sinal de que além de não termos conquistado os direitos que tanto reivindicávamos, também não mudamos nada como indivíduos!

Na Itália, em fevereiro deste ano, deu-se início a um movimento que atriu mais de um milhão de pessoas às praças: “Se non ora quando?” (Se não for agora, quando?). Mulheres (e homens) protestavam contra a discriminação da mulher no ambiente de trabalho e (principalmente) contra os favores sexuais exigidos das mulheres em troca de uma vaga de trabalho. Seria ótimo, se não fosse um movimento puramente político.

A troca de favores sexuais sempre existiu e só agora, quando Berlusconi está atolado até o pescoço com o caso da marroquina Ruby, é que as mulheres resolvem se revoltar contra o teste do sofá? Chegaram ao cúmulo de protestar contra tudo o que envolve a mulher, inclusive “contra a vulgaridade nas piadas”. Siceramente, não dá. Quando estas mulheres vão aprender que algumas coisas nunca vão mudar! Sempre haverão homens que oferecem vagas de trabalho (de secretária a ministérios) em troca de uma boa sacanagem! Do mesmo jeito que sempre haverão mulheres que vão aceitar (por necessidade ou prazer).

Penso que todas as mulheres ativas já tenham vivido uma situação parecida, de ver entrar no seu ambiente de trabalho uma “gostosona” (ainda bem que este texto vai para o Brasil, pq acho que vão proibir atributos deste tipo às mulheres!) obviamente não porque tenha um excelente curriculum. O que dizer então dos puxa sacos!? Colegas de trabalho que só não lambem o chão para o chefe passar porque o chefe não gosta, mas não faltam churrascos e presentes... E com isso eles conseguem. Normalmente são promovidos! “Abaixo os puxa sacos no trabalho!”

Não vou extender a lista de possíveis movimentos contra desigualdades sociais porque seria injusto com as mulheres. Na minha lista de prioridades, as mulheres italianas e suas reivindicações feministas estariam láááááááá embaixo. Não que elas não tenham razão, mas se é para levantar a voz contra algum tipo de abuso, eu seria mais direta: contra a corrupção, o uso das leis em benefício próprio e afavor da equivalência salarial (pra não entrar no âmbito do abuso infantil, por exemplo). Mas, perder a chance de discutir a condição feminina justo quando Berlusconi e Ruby são o centro das atenções? Não!!!!! The show must go on!!!

E sabem de mais uma coisa? Agindo desta maneira, com movimentos feministas como “Se non ora quando?”, fazemos exatamente o que lutamos contra. Estamos sendo usadas e estamos deixando!!!!

A luta da mulher na sociedade é e sempre será a mesma. A de sermos respeitadas. Porém, centenas de mulheres ocupam, hoje, cargos importantes em multinacionais e inclusive na política. Não por terem cedido à favores sexuais, mas por competência. Mostremos a nossa competência. Vamos à luta, usando das nossas habilidades indiscutíveis, que são a sensibilidade, a criatividade e a capacidade de gerenciamento! O poder de não desanimarmos jamais!

O feminismo de ferro só nos torna ainda mais antipáticas e nos afasta ainda mais do nosso objetivo que – creio eu – seja o de sermos iguais perante as leis, direitos e deveres. E só! Homem e mulher não são iguais e nem tem que ser! Homem é homem, com sua objetividade invejável e mulher é mulher, com a sua feminilidade, sensualidade e sensibilidade invejáveis! O mundo é grande o suficiente para todos os tipos de homens e mulheres. Que cada um encontre o seu espaço e seja feliz!

Uma vez, trabalhei em uma empresa onde o chefe só escolhia homens jovens e solteiros para cargos importantes. Era uma escolha dele, pois homens com este perfil são mais flexpiveis do que as mulheres que, normalmente, têm marido e filhos e não podem ser transferidas de lá pra cá, como bem desejam os diretores. Paciência! Ele escolhia pela flexibilidade e nem sempre pela competência. Ele era o diretor e tinha este poder. Certo ou errado, gostássemos ou não, era este o seu ponto de referência. Isso já fez com que muitas mulheres optassem por não casar e ter filhos em nome de uma carreira. É uma escolha de cada um e não podemos lutar contra tudo neste mundo.

Eu começaria uma campanha diferente. Nesta Páscoa, vamos nos lambuzar de chocolate, dar muita risada e fazermos muito sexo com nossos companheiros!!!! “Se non ora quando?” Tenho certeza de que a vida ficará muito mais colorida depois disso. Feminina sim... feminista não!

Comentários

ai, ÉRIKA


vc é hilária.
Eu nunca fiz o teste do sofá, mas o mesmo existe e não é de hoje.
Eu acho que, eu, tbm, não seria feliz ao lado de outra mulher. Acho o homem um balancear de mim mesma.
dias felizes