Eu quero vingança!



Você já teve vontade de esganar uma pessoa com as próprias mãos? Cortá-la em pedacinhos e jogar para os cachorros? Já quis ser a vilã da novela? Já sonhou em ser forte (mas forte mesmo) só para pegar aquela pessoa pelo colarinho e jogar longe, deixando o Neo do Matrix no chinelo? Já desejou, do fundo da alma, que aquela pessoa se ajoelhasse aos seus pés e te pedisse perdão - em prantos, claro - só pra você dizer "não"? Se você respondeu sim à maioria das perguntas, não se assuste. Você é normal! Anormal é a pessoa que não deseja vingar-se de alguém que lhe tenha feito mal.


Em um país civilizado, seguro e organizado, para cada crime existe uma lei que o definiu como tal e que, por consequência, existe uma pena para quem o cometeu. Assim, não será necessário vingar-se, pois a lei será cumprida, a tal pessoa pagará a pena e pronto. Porém, em nenhum lugar do mundo existe uma lei que diga que ferir o amor próprio de alguém seja crime e, por isso, quem o faz sai ileso e quem é ferido sente-se desamparado.


Partindo deste ponto, o sujeito ferido tem algumas opções: engolir tudo e, anos depois, transformar a tristeza em câncer; fazer uma terapia para entender por que você mereceu aquela facada nas costas; esperar que Deus (ou o diabo) leve a ação de volta àquela pessoa ou.... dedicar um tempo da sua vida para arquitetar um belo plano, executá-lo e finalmente ver aquela pessoa de joelhos à sua frente caindo, lentamente, enquanto você desgusta uma taça de vinho bem gelado com um sorriso doce nos lábios.


Quem for sincero consigo e comigo, dirá: eu prefiro a última opção! Mas quem disse que podemos ser sinceros? Quem disse que podemos assumir que não somos tão superiores quanto demostramos ser e que aquela facada doeu, e muito!? Simplesmente, não podemos. Por orgulho, por vergonha e, principalmente, porque - na maioria dos casos - vingar-se de alguém implica em colocar em risco o seu próprio bem estar.


No mundo civilizado, quem pratica a vingança passa de vítima à algoz. Esquece-se, porém, que os sentimentos mais profundos do ser humano não combinam com "o mundo civilizado". São mundos diferentes, com leituras diferentes. No mundo civilizado, se você foi vítima de um assalto à mão armada, o correto é denunciar o fato à polícia e deixar que ela aja. No porão dos nossos sentimentos, o que gostaríamos de fazer é pegar o sujeito, virar a arma para ele e explodir os seus miolos. Quem já teve uma arma apontada para a sua cabeça sabe bem disso!


Mas a barbárie não tem lugar no mundo do século XXI. Somos todos civilizados, formamos instituições como a polícia e a justiça para cuidar de tudo para nós. Só nos esquecemos de dizer aos nossos sentimentos que eles não devem sentir. Traição, adultério, humilhação, bullying. São tantas as armas que ferem o amor próprio que me pergunto. Como superá-las?


Muita auto-estima, muita segurança, muita força de vontade, muita garra e muita, mas muita meditação para conter o vulcão dentro de você. No fim, a gente consegue, porque o desejo de viver feliz é maior do que o de vegetar pensando em como fazer para vingar-se de alguém. Ou então... mais do que bondoso ou religioso, seja inteligente! Aprenda a separar as coisas. Viva feliz!


Ame, passeie, estude, trabalhe, realize-se! E, nas horas vagas, deixe o submundo dos seus pensamentos trabalhar por você. Sem perceber, você terá um plano de vingança prontinho e sendo executado: A SUA FELICIDADE! Aqueles que lhe fizeram mal não vão suportar que você seja feliz.


Mas, se com tudo isso, aquela facada não cicatrizou - que venha o ácido venenoso em minha boca! - vingue-se! Mas sem tornar-se o algoz. Vingue-se sem cometer crime. Vingue-se sem perder a razão. Só assim vc poderá saborear a vingança, sem arrependimento, sem medo, sem dor. Só com a satisfação de não carregar mais aquela dor nas costas!


Você pode!

Comentários

Paulo Pavesi disse…
Todos somos livres para fazer o que bem entendermos. Ninguém pode nos segurar se desejarmos executar uma vingança. Basta, como você mesma disse, planejar muito bem e colocar em prática. O problema neste caso não são as leis nem a justiça. É preciso ter coragem e bons motivos (argumentos) para levar planos deste tipo adiante.

Se você colocar na balança todas as violências (morais e psicológicas) que praticaram contra você durante toda a sua vida, talvez conclua que a última (sempre temos um) tenha sido infinitamente menor de todas.

Talvez esta seja a gota d'agua e não a pior de todas.

Você não é obrigada a engolir nada e esperar um câncer. Vingue-se.

Eu escolhi o outro lado. E o mal que me fizeram foi muito, muito grande.Nunca achei que seria possível escolher o outro lado. Mas escolhi.

Estou tentando ser feliz como posso, do lado de pessoas que eu amo muito e que não trocaria por nada, nem mesmo por uma doce vingança.

Você precisa avaliar se lhe falta argumentos para a vingança, ou se lhe falta coragem.

Se lhe faltar coragem, não se preocupe. Se todos se vingassem de acordo com o peso das violências sofridas, talvez não existisse mais vida humana.

Se lhe falta argumentos, o problema é um pouco maior.

Meu conselho: viva mais e melhor. Tem coisas mais importantes que você pode estar deixando escapar.
Luciano Maia disse…
Olá,

Parabéns pelo texto!

Gostaria de compartilhar com você e leitores uma forma de enxergar a vingança.

Esta aqui no meu site Café com Deus, neste link:
http://www.cafecomdeus.com.br/eu-quero-vinganca/

Um abraço,

Luciano
Ola, Luciano. Li o seu texto e respeito a sua opiniao, mas eu nao sou crente, no sentido literal da palavra. Nao creio nesse Deus. Alias, nem sei se creio em algum Deus. Obrigada pela sua leitura!
Abraços.
Erika.