Tragédia TAM: número indefinido de mortos

Não há como calcular o número de mortos na tragédia com o Airbus da TAM. Um acidente como este, assim como foi com o Boeing da Gol, em setembro do ano passado, não se calcula pelo número de corpos e sim pelo número de famílias, amigos e parentes atingidos pela tragédia. E este cálculo, infelizmente não tem número definido.

Meu choro, como mãe e cidadã, não significa nada perto do grito de desespero de Cristiane Bueno, a mãe que perdeu seus únicos dois filhos (apenas para citar um dos exemplos). Que vida poderá levar esta mãe depois desta tragédia? Que vida levarão todas as famílias que perderam tantos sonhos junto com aquela explosão? Todas elas morreram naquele dia. Poderão sobreviver à tragédia, mas jamais terão os mesmos sonhos, farão os mesmos planos, terão as mesmas esperanças. Tudo o que morreu com elas (além dos seus entes queridos), não terá retorno. Suas vidas serão de lembranças.

Um dia, porém, terão que renascer de alguma maneira. E elas renascerão, espero eu, com muita coragem e a força dos amigos e parentes. A pessoa é parte daquilo que a cerca. Ou, “daqueles” que a cercam. Quando este ambiente muda, com perdas tão grandes, esta pessoa precisa se redescobrir, começar de novo e isso não está nos cálculos da TAM ou da Infraero, está?

Por todos aqueles que enterraram seus parentes em setembro do ano passado, por todos estes que tentam enterrar as mais novas vítimas desta tragédia aérea, por todos nós brasileiros, possíveis vítimas num futuro vôo, que se faça alguma coisa! Nada que seja para daqui a 10 anos, senhor presidente. É preciso fazer algo hoje, agora, já que nada foi feito quando deveria.

Era preciso ter feito antes, muito antes daquele Boeing da Gol ter se despedaçado, pois o senhor, presidente Lula, foi informado das condições técnicas dos radares assim como das pressões sobre os controladores de vôos.

Era preciso ter feito também depois do acidente com o avião da Gol. E é preciso fazer algo agora! Não somos nós que temos que fazer, são as autoridades que têm nosso dinheiro para isso. São as empresas aéreas que lucram com cada passageiro que coloca sua vida em suas mãos.

Vocês têm que fazer alguma coisa! E isso não é um pedido. É uma ordem, escrita por mim, mas que – certamente – é também de todo o povo brasileiro, pois temos o direito de exigir alguma atitude concreta para que tragédias como estas não se repitam, nem daqui dez meses, nem daqui dez anos.

É nosso direito, é seu dever.

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